Waldano Natxari
”Pedagogo e Gestor”
Vivemos num tempo em que o acesso ao ensino e à formação profissional se tornou mais amplo e democrático. Em Angola, é cada vez maior o número de cidadãos que buscam diplomas, certificações e títulos académicos, na justa expectativa de ascensão social e integração no mercado de trabalho. Este esforço é louvável e necessário. No entanto, é preciso reconhecer: qualificação profissional não é sinónimo de acumulação de diplomas.
Num mercado de trabalho em constante transformação, marcado por crises, inovação tecnológica e novas exigências sociais, o que realmente distingue um profissional não é a quantidade de cursos frequentados, mas sim a capacidade de resolver problemas reais e complexos.
Seja como trabalhador por conta de outrem, gestor público, empreendedor ou técnico especializado, o valor de um profissional mede-se hoje pela sua capacidade de gerar soluções, agregar valor e melhorar a vida das pessoas. Não basta conhecer teorias: é preciso saber aplicá-las com eficácia, responsabilidade e criatividade.
A pergunta essencial que cada um de nós deve fazer não é “Quantos certificados tenho?”, mas sim:
“Que tipo de problemas sou capaz de resolver?”
É esta atitude proactiva, resolutiva e comprometida com resultados que o mercado procura.
É este o perfil profissional de que Angola precisa para crescer com sustentabilidade e justiça social.
Num país que enfrenta enormes desafios em sectores como saúde, educação, saneamento, energia, mobilidade e administração pública, a verdadeira qualificação revela-se naqueles que se disponibilizam para ser parte da solução. Que, mais do que cargos ou estatutos, procuram fazer a diferença concreta no quotidiano das comunidades.
Um diploma que não se traduz em utilidade prática, em impacto positivo, em mudança concreta, é apenas um título decorativo. O verdadeiro profissional é aquele que contribui activamente para transformar dificuldades em oportunidades.
Ou se gera valor ou representa-se um custo.
E nenhuma organização , pública ou privada, pode sustentar custos que não produzem retorno.
Por conseguinte, impõe-se, no contexto actual, a valorização de saberes orientados para a transformação social. A formação académica e técnica deve traduzir-se em acções concretas, com impacto efectivo na resolução de problemas reais.
A presença de profissionais nos diferentes sectores deve reflectir-se em práticas que promovam melhoria contínua, progresso institucional e esperança colectiva.
O futuro do país está intrinsecamente ligado à qualidade dos seus quadros.
Mais do que a acumulação de títulos, Angola carece de profissionais capazes de resolver problemas, inovar e gerar valor em contextos cada vez mais complexos.